quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

GÊNEROS VOCAIS DO BARROCO: CANTO, ÓPERA E VOZ

PANORAMA HISTÓRICO DA ÓPERA

Nos tempos medievais, o acompanhamento musical fazia parte de todas as peças teatrais, e também era usado pelos trovadores como um arranjo para suas óperas pastoris, dentre as quais podemos destacar "Le Jeu de Robin et de Marion"  de Adam de la Halle. Mas a forma da ópera que se desenvolveu e se transformou no drama musical de nossos dias, surgiu em Florença no final do Renascimento, devido aos esforços de um grupo de nobres florentinos conhecidos como a "Camerata". A primeira obra, entitulada "Dafne",de Peri e Rinuccini, foi composta em 1594.

           Caccini contribuiu também com alguns números musicais para essa obra, e no mesmo ano arranjou todo o libreto para uma partitura própria. Mas como "Dafne" foi perdida, na realidade a primeira ópera foi "Eurídice", escrita pelos mesmos compositores para as bodas de Henrique IV e Maria de Médicis, em 1600. O principio fundamental sobre o qual foi escrita esta ópera era que o desenrolar dramático e a interpretação tiveram o mesmo tratamento de importância. Com o surgimento da ópera, a música não ficou unicamente relegada a polifonia do contraponto da escola secular, e isso revela a imediata popularidade que obteve essa nova forma. No fim do século XVII se estabeleceram diversos teatros de ópera em várias cidades da França e da Itália. Os centros de atividades no campo da ópera se concentraram em Viena e Hamburgo, sendo um dos teatros mais antigos da Alemanha o da cidade de Bayreuth, a pequena cidade que mais tarde seria famosa pela construção do teatro para as festividades dos dramas de Richard Wagner.
Na Itália, três cidades contribuíram grandemente para o desenvolvimento da ópera. Roma aperfeiçoou os Coros, Nápoles o “bel canto”, ou seja, a arte de cantar e Veneza a parte instrumental.

 A escola mais importante foi a de Veneza, onde podemos dizer que surgiu o primeiro gênio da ópera, Monteverdi (1567-1643). Monteverdi nasceu em Cremona e foi um dos primeiros membros da sociedade "Os Filarmônicos de Bologna", a qual realizou notáveis progressos na arte musical e contribuiu com o crescimento do drama lírico com suas duas óperas "Ariana" e "Orfeo". Em "Orfeo" (1607), Monteverdi escreveu o primeiro dueto. Em 1634 introduziu nos violinos da partitura de "Il Combatimento di Trancredi i Clorinda" o trêmulo para descrever a agitação durante a cena do duelo e o pizzicato para representar os golpes das espadas.

  Seu discípulo, Cavalli (1599-1676) aperfeiçoou o estilo de Monteverdi, agrupando várias vozes em duetos, tercetos e quartetos, e dando aos coros um lugar de importância secundária. Cavalli introduziu, também, os elementos cômicos. Contemporâneos de Cavalli, encontramos Carissimi (1604-1674), de Roma, que se distinguiu notavelmente nos oratórios. Seu discípulo Cesti (1620-1669), introduziu na escola veneziana o estilo do oratório de Carissimi. Só que o público já clamava pela forma implantada por Cavalli, e por isso Cesti dividiu a ópera em duas classes: A ópera séria e a ópera bufa. A ópera bufa deve distinguir-se da ópera cômica, produzida mais tarde na França, na qual o diálogo é falado. Na ópera cômica a ação não é necessariamente cômica, como podemos ver exemplos em "Les Deux Journées", "Carmen", etc. "O Barbeiro de Sevilla", de Rossini, é um exemplo de ópera bufa.

          A ópera séria se apresentava muito elaborada, apresentando várias cenas diferentes, sem se importar com o efeito dramático, e a estas cenas se somavam grandes coros sem nenhuma razão também dramática. A orquestra era meramente um acompanhamento, trazendo, por vezes, como resultado algumas situações um tanto absurdas.


         A ópera bufa era de caráter ligeiro e burlesco. Mantinha grande parte do efeito dramático, mas freqüentemente se convertia em vulgar e comum. O diálogo se mantinha por meio de recitativos, problema mais tarde resolvido com a introdução de árias, duetos e corais. Esse estilo de ópera se tornou muito popular em Nápoles, que dava aos cantores maiores oportunidades para exibir suas técnicas vocais.

          Nessas óperas sempre havia seis personagens; três de cada sexo, todos amantes. Constavam de três atos, cada um terminando com uma ária. Um mesmo personagem não podia ter duas árias sucessivas, e nenhuma dessas árias poderia ter como sucessão outra da mesma classe. As árias principais se empenhavam para terminar o primeiro e o segundo atos. O segundo e terceiro atos continham cada um pelo menos um dueto para o herói e a heroína, mas não se encontravam trios nem números concertantes.

        




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